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antirracismo

17/06/2020

Marketing de influência, Sociedade

Marcas e Antirracismo

Posicionamento das marcas frente ao atual momento

No Brasil, o racismo também é um problema estrutural, mas a postura das marcas é distinta. 

Um levantamento feito pela Exame, com base na lista da consultoria Interbrand das 25 marcas mais valiosas do Brasil, mostra que nenhuma delas fez publicações ou se posicionou sobre os acontecimentos das últimas semanas. Como vocês já devem saber, o período inclui o assassinato de João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, no dia 18 de maio, durante operação policial em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. E o assassinato de George Floyd na cidade de Minneapolis, no dia 25 de maio, devido a uma abordagem policial. 

Algumas das marcas analisadas só tocaram no tema na terça-feira, dia 2 de junho, em adesão à campanha #BlackoutTuesday, um movimento global em que personalidades, representantes e empresas publicaram uma imagem totalmente preta em seus perfis no Instagram em apoio aos atuais protestos antirracismo nos EUA e em países no mundo todo. 

Fonte: Veja

O que é antirracismo, afinal?

[…] uma definição mínima de antirracismo é que ele se refere àquelas formas de pensamento e/ou prática que procuram confrontar, erradicar e/ou aliviar o racismo. Antirracismo implica a capacidade de identificar um fenômeno – racismo – e fazer algo sobre ele. (BONNETT, 2000, p. 3, tradução livre). 

Acreditamos que trazer dados e pesquisas nos ajudem a exemplificar o que já está escancarado na nossa realidade todos os dias. Os dados apresentados abaixo foram extraídos da revista Super Interessante e mostram um pouco da realidade dos negros no nosso país.  

  • ⮕ 53% da população no Brasil, é negra, ou seja, mais da metade. 
  • ⮕ A chance de um negro ser analfabeto é 5 vezes maior do que de um branco.
  • ⮕ Além disso, somente 1 a cada 4 pessoas com ensino superior, é negra.
  • ⮕ 70% das pessoas que vivem em situação de extrema pobreza no Brasil, são negros. 
  • ⮕ 80% dos brasileiros mais ricos são brancos.
  • ⮕ Enquanto 70% dos brancos possuem uma máquina de lavar em casa, mais da metade dos domicílios chefiados por uma pessoa negra, não tem o eletrodoméstico em casa.
  • ⮕ Isso vale para internet, pois 51% dos negros, não possuem Internet em casa. 
  • ⮕ Sobre direitos básicos, quase 40% dos negros que vivem em áreas urbanas, não possuem esgoto encanado.
  • ⮕ Sobre saúde pública, 70% das pessoas que dependem do SUS, são negras.
  • ⮕ Quando o assunto é violência, a cada 12 minutos, uma pessoa negra é assassinada no Brasil. Eles são os que mais morrem em operações policiais e ocupam a maior parte da população carcerária brasileira. 
  • ⮕ Na politica é um pouco difícil de mudar o cenário atual. A população negra quase não é representada no Legislativo, Executivo e Judiciário. Apenas 15% dos juízes são negros, 30% dos senadores, 20% dos deputados e nenhum Ministro do Executivo e do STF. 

O que as marcas estão fazendo para mudar?

Algumas marcas, além de se posicionarem frente aos movimentos que estão acontecendo em suas redes sociais, tem tido iniciativas extremamente importantes. 

A marca Pinktor criou gizes de todos os tons de pele, em parceria com a UNIAFRO. O giz de cera Pintkor é o primeiro material grafo-plástico nacional voltado à educação das relações étnico raciais no ambiente escolar.

“Estamos tendo uma repercussão ótima. As crianças estão amando o material. É uma alegria. Sou professora da Universidade há 20 anos e sempre atuando na prática de ensino, notei que as crianças sempre procuravam aquele lápis rosa como “cor de pele”. Aí, durante a segunda edição, eu e um grupo de professoras pensamos que seria interessante criar um material para os professores levarem para sala de aula e trabalharem essa questão”, diz, Gladis Kaercher, coordenadora da UNIAFRO (Programa de Ações Afirmativas para a População Negra nas Instituições Federais e Estaduais de Educação Superior).

A marca Band Aid também criou sua versão de curativos com diferentes tons de pele e se posicionou nas redes sociais. 

Esse tipo de comprometimento das marcas se torna algo muito simbólico para as pessoas. Para os que nunca foram afetados por esse tipo de problema, a compreensão não é a mesma que daqueles que estão se sentindo representados pela primeira vez em suas vidas. 

Outro exemplo é a conceituada marca de sapatilhas Freed of London. Eles foram os primeiros a criarem sapatilhas de todos os tons de pele. 

Muitas pessoas não sabem, mas diversas bailarinas negras precisam pintar suas sapatilhas de acordo com o tom de sua pele porque não há opção de comprar uma com o seu tom.

É o caso da estrela de balé de Nova York, Ingrid Silva. Em um pronunciamento no Twitter, ela vibra com o lançamento e conta que por 11 anos ela teve que pintar suas sapatilhas. 

Influenciadores pretos

O coletivo Influência Negra e a empresa Black Influence promovem influenciadores negros para trabalharem junto com as marcas.

Em entrevista, o CEO da Black Influence, Ricardo Silvestre, disse que os influenciadores negros não são valorizados no Brasil. Eles geralmente são procurados no mês de novembro, que é o mês da Consciência Negra ou em momentos em que a discussão sobre o racismo gera muita repercussão, como agora. Além disso, eles normalmente tendem a ganhar menos que influenciadores brancos a cada job (!!!)

(Imagem: @BlackInfluence_)

Canais digitais e influenciadores negros

O Youtube foi a primeira empresa a se pronunciar com medidas de incentivo aos influenciadores negros. 

Eles vão investir US$ 100 milhões para amplificar as vozes de criadores de conteúdo negros que trabalham em sua plataforma. O dinheiro será utilizado para desenvolver talentos e financiar novos projetos – como novos canais ou novos programas dentro de espaços já existentes mas que precisem de investimento financeiro para serem realizados.⁣

“Estamos comprometidos a fazer melhor como plataforma, para amplificar e por no centro as vozes e perspectivas negras”, afirmou Susan Wojcicki, CEO da rede social. Ela ainda reforça que a empresa continuará com seus esforços para combater assédio e discurso de ódio, para criar um ambiente seguro para a comunidade negra do YouTube. 

Fonte: Youpix

Celebridades cedem seu espaço nas redes sociais para personalidades negras

Motivados pela onda de manifestações contra o racismo que começou nos Estados Unidos e se espalhou por diversos países, inclusive o Brasil, celebridades resolveram abrir espaços em suas redes sociais para ativistas negros.

Um dos primeiros a adotar a ação foi o comediante Paulo Gustavo, com 13,6 milhões de seguidores no Instagram, e desde o último dia 3/06, cedeu o seu perfil na rede social para a escritora Djamila Ribeiro, filósofa, feminista negra,  escritora e acadêmica brasileira. 

Bruno Gagliasso também entrou na onda e no último sábado (13), quem comandou o perfil do ator foi a ativista americana Ruby Bridges, 65, conhecida por ter sido a primeira criança negra a frequentar uma escola para brancos nos Estados Unidos. Ela vai ocupar o Twitter e o Instagram do ator. 

Ingrid Guimarães, Fábio Assunção e Luis Lobianco também fazem parte do movimento. Durante todas as quintas de junho, o perfil da atriz e humorista nas redes sociais vai discutir o assunto. No último dia 4, o youtuber Spartakus fez uma live com o roteirista Ale Santos, em que debateram o tema.

Fonte: Folha de S. Paulo

Empresários também compartilham suas redes com personalidades negras

Na última semana, a conta do presidente da Gerdau no Linkedin , Gustavo Werneck, ganhou uma novo foto. No lugar, está Liliane Rocha, CEO da Gestão Kairós, consultoria em Sustentabilidade e Diversidade. 

Partiu da especialista em diversidade a proposta de ocupação na rede social profissional. Para o CEO, aceitar o convite faz parte de entender que as empresas devem ser protagonistas das mudanças na sociedade. “Precisamos promover uma cultura antirracista e eliminar essa questão de forma definitiva. Ao proporcionar o debate numa rede social com perfil corporativo, temos a possibilidade de atingir e sensibilizar executivos e líderes empresariais”, aponta ele.

Analisamos perfis de influenciadoras negras na nossa plataforma

Ao analisarmos 3 influenciadoras de beleza pretas, vemos que o seu AirScore (métrica que avalia a qualidade do engajamento de um perfil nas redes sociais que vai de 0 a 1.000) é maior que 700 no Instagram, demonstrando altíssima conexão com sua audiência. 

A ilusão de achar que o influenciador negro só se encaixa em pautas de diversidade ou a Consciência Negra, só mostra o posicionamento errado das marcas. 

Os influenciadores negros são muito mais do que porta-vozes do ativismo. Assim como qualquer influenciador, eles perpetuam em diversos nichos, como: Moda, beleza, entretenimento, bem-estar e muito mais.

Além disso, eles representam uma grande parcela da população, o que resulta numa identificação muito maior por parte da sua audiência. 

A análise dos perfis dos seguidores também pode ser utilizada para se conhecer o perfil do público e assim construir discursos publicitárias que atinjam o audiência de modo assertivo. 

Não é sobre não ser racista e sim sobre ser ANTIRRACISTA. É se posicionar e ter atitudes contrárias ao que foi firmado em nossa sociedade há muito tempo. É promover e adotar medidas em qualquer que seja o seu ramo de atividade. É reconhecer diferenças, apoiar e proporcionar oportunidades para todos se sentirem representados, seja na TV, nas propagandas, nas redes sociais ou no mercado de trabalho. 

O que você tem feito para mudar esse cenário? 

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